quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Modos (tradução da Wikipedia)

MODOS MUSICAIS

Em Música, um modo é uma série ordenada de intervalos musicais definidos a partir de uma nota principal, sua tônica. Contudo, modo é usado no sentido de escala aplicado somente para algumas escalas específicas. O uso de mais de um modo é o que chamamos de polimodal, como em “cromatismo polimodal”. Enquanto toda a música tonal pode ser tecnicamente descrita como modal, a música chamada “modal” muitas vezes tem menos funcionalidade diatônica e muda menos freqüentemente de tonalidade do que outros tipos de música.

MODOS GREGOS

A música praticada na Antigüidade Grega se referia a escalas no contexto de modos “escalares”. Os modos gregos eram denominados em honra a cidades que preferiam um certo modo a outro no passado. Eram eles:

Jônio (ou Jônico)
Eólio e Lócrio
Dórico e Hipodórico
Frígio e Hipofrógio
Lídio, Hipolídio e Mixolídio

O filósofo grego Platão sentia que tocar música em um modo particular suscitaria certos comportamentos específicos associados àquele modo. Ele aconselhava soldados a escutar música nos modos Dórico e Frígio para que isto os tornassem mais fortes, porém os modos Lídio e Jônio deveriam ser evitados por terem qualidades opostas, isto é, tornavam as pessoas mais calmas.

MODOS ECLESIÁSTICOS

Há uma confusão comum de que os Modos Eclesiásticos da Música Medieval Européia descendiam diretamente da noção grega de modalidade. De fato, os Modos Eclesiásticos se originaram no século IX. Autores daquele período interpretaram erroneamente um texto de Boécio, um erudito do século VI que havia traduzido a teoria musical grega para o Latim. Mais tarde no século XVI, o teórico suíço Henricus Glareanus publicou Dodekachordon, onde ele solidificaria o conceito dos Modos Eclesiásticos, adicionando quatro modos adicionais: Eólio, Hipoeólio, Jônio e Hipojônio. Logo os nomes dos modos usados hoje em dia na verdade não refletem perfeitamente aqueles usados pelos gregos antigos.

Os oito Modos Eclesiásticos, ou Modos Gregorianos, podem ser divididos em quatro pares, cada par possuindo a mesma “nota final” ou tônica. A maioria dos cantos num certo modo começava na nota final daquele modo, e se esperava que terminasse na mesma nota final. O par também compartilha cinco notas centrais da escala. Se a “escala” é completada adicionando-se as três notas superiores, o modo é denominado “autêntico”, enquanto que se a escala é completada adicionando-se as três notas inferiores, o modo é denominado “plagal” (sério).

Os pares são organizados de uma maneira que modos que compartilham a mesma nota final são identificados com o mesmo número, com os números ímpares para os autênticos e os números pares para os plagais.

Cada modo tem uma nota “dominante” ou “nota de recitativo”, a qual é o tenor no canto do salmo. As notas dominantes dos modos autênticos começas uma quinta acima da nota final, enquanto que nos plagais elas estão uma terça acima. Contudo, as dominantes dos modos 3, 4 e 8 subiram um degrau durante os séculos X e XI (meio tom nos modos 3 e 8: si para dó; um tom inteiro no modo 4: sol para lá).

Somente um acidente era permitido no Canto Gregoriano (a nota si poderia ser abaixada de um semitom: si bemol). Isto normalmente (mas nem sempre) ocorria nos modos 5 e 6, sendo opcional nos outros modos.


Dada a confusão gerada pelas terminologias antiga, medieval e moderna, hoje em dia é mais prático o uso da designação tradicional dos modos com numerais romanos de I a VIII, ao invés do sistema de nomeação pseudo-grega.

USO DOS MODOS ECLESIÁSTICOS

A música antiga usava largamente os Modos Eclesiásticos. Os modos indicavam um som primário (uma final); a organização dos sons em relação à final; uma certa tessitura; fórmulas melódicas associadas a eles; lugar e importância das cadências; afeto musical (isto é, afeto emocional). Alguns teóricos acham que os modos não deveriam ser equiparados a escalas, que fatores tais como organização melódica, colocação das cadências e afeto emocional são essenciais ao conteúdo modal nos períodos Medieval e da Renascença.

A teoria do Canto Gregoriano foi quase que inteiramente formulada após a composição dos cantos mais antigos, os quais não foram compostos com a intenção de se enquadrar em qualquer modo em particular. Por esta razão, sua qualificação pode ser somente aproximada. Mais tarde os cantos foram escritos com a consciência da existência dos oito modos.

MODOS MODERNOS

A concepção moderna das escalas modais é a de um sistema onde cada modo é a escala diatônica usual, porém com uma diferente tônica. Intervalos nas escalas modais



Três modos são qualificados de “maior”, enquanto quatro são qualificados de “menor”. O modo Lócrio é considerado mais teórico do que prático. Estas qualificações se referem ao intervalo de terça a partir da tônica (maior ou menor).

São maiores: Lídio, Jônio e Mixolídio.
São menores: Dórico, Eólio, Frígio e Lócrio.

USO DOS MODOS MODERNOS

Os modos voltaram a ser usados algum tempo depois do desenvolvimento do jazz (jazz modal) e nas músicas do século XX e contemporânea.

O uso e a concepção de modos e música modal hoje em dia é diferente dos mesmos na Música Antiga. Qualquer comparação entre os usos antigo e moderno dos modos deve reconhecer que a música de hoje é composta sobre uma fundação de três séculos de música tonal, o que permite um diálogo entre as duas tradições.

O modo Jônico é na verdade outro nome para o modo maior, no qual grande parte da música ocidental é baseada. O modo Eólio fornece as bases para a escala mais comum ocidental; contudo, uma composição escrita inteiramente no modo Eólio usaria somente as sete notas da escala eólica, enquanto que muitas composições no modo menor levam acidentes no sexto e no sétimo graus para que as harmonias e melodias funcionem melhor.

Além do modo Jônico e dos modos menores modernos (harmônico/melódico), os outros modos têm uso limitado hoje em dia. A música folclórica é muitas vezes analisada em termos de modos. Por exemplo, na música irlandesa tradicional os modos Jônio, Dórico, Eólio e Mixolídio estão presentes; o modo Frígio é característica do Flamenco. O modo Dórico é também usado na música folclórica de povos latinos, enquanto que o Frígio é encontrado na música centro-européia ou música árabe estilizada, sendo ele natural ou Frígio harmônico (o qual tem a terça elevada – a “escala cigana”). O modo Mixolídio é bastante comum no jazz e em outras formas de música popular. Por seu caráter de “terra dos sonhos”, o modo Lídio é freqüentemente ouvido em trilhas sonoras e música para vídeo-games.

Algumas obras de Beethoven contêm inflexões modais; Chopin, Berlioz e Liszt empregaram largamente os modos. Os modos também influenciaram a música russa do século XIX, com compositores tais como Mussorgsky e Borodin; muitos compositores do século XX se inspiraram nesta corrente na sua incorporação dos elementos modais, incluindo Claude Debussy, Leos Janacek, Ralph Vaughn-Williams entre outros. Zoltán Kodály, Gustave Holst, Manuel de Falla usaram elementos modais como um pano de fundo diatônico, enquanto que Debussy e Béla Bartók substituíram a tonalidade diatônica pela modalidade.

ACORDES QUE INVOCAM MODOS

No jazz, os modos da escala maior são comumente tocados sobre acordes específicos. Os exemplos de acordes abaixo são para a tonalidade de Dó maior. Por exemplo, sobre um acorde Fmaj7#11 é tocado o modo Lídio em Dó.

Apesar de ambos os modos Dórico e Eólio serem tocados sobre um acorde de sétima menor (m7), o modo Dórico é mais comumente usado em jazz tradicional por causa da consonância natural de 6.a (ex: si sobre Dm7), em oposição à 6.a menor no Eólio. Igualmente, em vez do Lócrio, muitos músicos de jazz tocam o 6.o modo da escala melódica menor sobre um acorde meio-diminuto (m7b5), por causa da 9.a natural daquele modo. O acorde “susb9” é freqüentemente tocado usando-se o 2.o modo da escala melódica menor em vez do Frígio por causa da 6.a natural.

OUTROS TIPOS DE MODOS

Na teoria musical moderna, escalas que não sejam a escala maior algumas vezes têm o termo “modos” aplicados a elas. Isto é notado, por exemplo, na “Harmonia da Escala Melódica Menor”, a qual é baseada nos sete modos da escala melódica menor, gerando escalas interessantes.

Muitos destes acordes são bastante usados no jazz; os acordes menor/maior, 7#11 e alt. foram muito comuns na era Bebop, enquanto que na era Coltrane e jazz tardio se usa muito acordes susb9. Maj#5 é menos comum, aparecendo nas composições de Wayne Shorter.

Apesar do termo “modo” ser ainda usado nestes casos (e é útil no reconhecimento que estas escalas têm uma geratriz comum – a escala menor melódica), os músicos ainda entendem como modos o Dórico, Frígio, Lídio, Mixolídio, Eólio e o Lócrio.

CARACTERÍSTICAS DOS MODOS MODERNOS


Cada modo é construído sobre degrau da escala e possui estruturas harmônicas o que lhes confere sua identidade sonora:

· O modo Jônico invoca um acorde V7 e é onde este acorde ocorre naturalmente. “Maior” se refere ao modo Jônico. Exemplos: “Parabéns a Você”, “Brilha, brilha estrelinha”.

· O modo Dórico tem sua sexta nota abaixada em relação ao modo Eólio, gerando acordes IV maior e II menor. Exemplos: “Greensleeves”, Sexta Sinfonia de Jean Sibelius.

· O modo Frígio tem a segunda nota abaixada em relação ao Eólio, o que cria seus acordes característicos bIImaior e v diminuto. Este modo é bastante comum no estilo flamenco e é também chamado de modo “espanhol”. Exemplos: “So Cold The Night”(Jimmy Somerville), “White Rabbit”(Jefferson Airplane), a abertura do segundo movimento da Quarta Sinfonia de J. Brahms.

· O modo Lídio tem sua quarta nota elevada em relação ao modo Jônico, gerando acordes do tipo iv diminuto, vii menor e II maior. O tema do desenho animado “Os Simpsons” é um exemplo comum do modo Lídio, apesar da sua sétima abaixada qual o colocaria tecnicamente no modo derivado “Lídio Dominante”.

· O modo Mixolídio tem sua sétima nota abaixada em relação ao Jônico, criando acordes I7, v menor e VII maior. Há também o acorde iii diminuto, porém este quase não é usado em composições modais. Exemplos: “Asa Branca” (Luiz Gonzaga), “Norwegian Wood”(Beatles), “The Visitors” (ABBA). O nosso Baião, o Jazz e o boogie woogie são freqüentemente escritos neste modo. Gaitas de fole escocesas, as quais tem a nota si bemol como tônica, geralmente tocam no modo Mixolídio, com sua sétima nota um quarto de tom mais alta.

· O modo Eólio tem abaixadas sua terça, sexta e sétima notas, seus acordes característicos são iv e v. Há uma leve diferença entre uma composição no modo Eólio e uma composição no modo menor, por causa da alteração no sexto e sétimos graus da escala menor para gerar acordes IV e V. O modo Eólio é também chamado de Escala Menor Natural (Pura). Exemplos: o solo de guitarra de Led Zeppelin na música “Achilles Last Stand”, “Summertime” (George Gershwin).

· O modo Lócrio tem abaixadas sua segunda e quinta notas em relação ao Eólio, gerando o acorde i diminuto. Isto torna quase impossível se estabelecer uma tonalidade. Poucas peças foram escritas neste modo, ainda assim usando certos acordes alterados para estabelecer um centro tonal.


REFERÊNCIAS:

“Church modes” e “properties of musical modes” – Wikipedia (Internet)

Um comentário:

Giovanni disse...

Tinha um trabalho pra entregar, onde tinha que fazer uma comparação na utilização das escalas modais na Antiguidade e no séc. XX, e essa postagem me deu várias informações que vou adicionar no trabalho. Muito bom!