quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Ludwig van Beethoven


(minha tradução do primeiro programa sobre Beethoven, escute através do link abaixo)



Os compassos iniciais da Quinta Sinfonia de Beethoven são talvez a música mais (re)conhecida  mundialmente já escrita, e o homem que a criou, Ludwig van Beethoven, é provavelmente um dos compositores mais importantes de todos os tempos.
Ludwig van Beethoven nasceu em Bonn, Alemanha, em 1770. Seu pai era cantor e trabalhava como músico da corte em Bonn, porém não era muito confiável e já na sua adolescência  Beethoven acabou ele mesmo sustentando sua família como músico da corte. Tocava violino, viola e, mais que todos os outros, instrumentos de teclado.
Bonn
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O príncipe que empregava o jovem Beethoven o mandou para Viena, que era o centro musical da época. Lá ele tocou para Mozart, que depois comentou com seus amigos, muito impressionado: “Não percam de vista esse jovem artista, um dia ele vai dar ao mundo o que falar”. Uma vez tendo sentido o gostinho de Viena, Beethoven decidiu-se mudar para essa cidade. Seu objetivo era estudar com Mozart, porém este logo faleceu e Beethoven foi estudar com outro grande compositor, Haydn.
casa de Beethoven em Viena
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Haydn era uma pessoa tranquila e fácil de se conviver, porém Beethoven era intempestivo e intenso, por essa razão a parceria dos dois (aluno/professor) não durou muito tempo. Durou o tempo necessário para Beethoven absorver que seu mestre sabia fazer de melhor: como quartetos de cordas, por exemplo. Beethoven ficou logo famoso em toda Viena como grande músico, conhecido mais como pianista talentoso. Quando Beethoven tinha 30 anos ele percebeu que tinha que deixar a carreira de pianista concertista, pois estava ficando surdo. Depois de certo tempo, não conseguia ouvir a orquestra para manter o pulso junto com os músicos; também mal conseguia-se ouvir tocando piano. O gênio de Beethoven era tal que, embora sem poder escutar música com os ouvidos, ouvia a música mentalmente, continuando a compor assim mesmo.

W. A. Mozart e Joseph Haydn

No tempo de Beethoven, os compositores eram considerados serviçais, porém Beethoven se recusou a ser tratado como um simples lacaio por seus patronos (membros da nobreza que pagavam por seu trabalho). Ele tinha consciência que era único e disse isso numa carta para um de seus patronos:  “Existem e existirão milhares de príncipes e nobres, porém existirá somente um Beethoven”.


Beethoven escreveu nove gloriosas sinfonias (mais sobre essas  e sua música para piano nos próximos programas). Também escreveu música de câmara, balés, música sacra, canções e  uma ópera. Não tinha receio de mudar suas obras quando achava que não estavam a contento. Esta é uma das quatro tentativas de polir a abertura para uma de suas óperas:
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Entre a Revolução Francesa e as Guerras Napoleônicas, Beethoven viveu numa era de grandes mudanças políticas, na verdade ele criou uma revolução individual, tomando as formas musicais elegantes que Mozart e Haydn usavam e utilizou-as em sua obra com características fortes e apaixonadas.
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Mesmo durante sua vida Beethoven já era famoso por toda a Europa, vinte mil pessoas compareceram a seu enterro. Anos após sua morte os compositores viveram sob a sua sombra temerosos de talvez nunca poderem escrever música à altura do grande gênio. (Na próxima semana: Beethoven e o piano).

domingo, 14 de outubro de 2012

A história de Háry János


(Esta é uma tradução livre de um podcast sobre música clássica para crianças - o link está abaixo)

Háry János







Você poderia imaginar como seria um “espirro” seria representado em música?
Zoltan Kodály começou sua ópera Háry János com um grande “espirro musical”, isto porque há uma superstição húngara que diz se você espirra enquanto está contando uma história, então a história será verdadeira.


Háry János  era uma pessoa real, porém era afeito a contar grandes mentiras.
Como os sobrenomes em húngaro vêm antes do nome chamaríamos ele então János Háry (János é o mesmo que João em húngaro).


Na época em que a Hungria era ainda parte da Áustria, Háry János lutou no exército austríaco contra Napoleão Bonaparte; Háry era soldado raso (o nível mais baixo). Assim que deixou o exército ele se tornou uma lenda (em sua própria imaginação). Primeiramente ele contou que resgatou a filha do Imperador da Áustria, e em agradecimento, ela o levou para Viena, onde ela vivia em um castelo que possuía um maravilhoso relógio musical.


Háry tinha ficado noivo de uma bela moça húngara em sua cidade natal. Ela o seguiu para Viena e os dois então se viram em apuros, pensando numa maneira de voltar de novo para casa. Para esta parte da ópera Zoltan Kodály usou música folclórica húngara de verdade e instrumentos folclóricos autênticos.

Esse instrumento diferente que ouvimos é um cimbalom (C-I-M-B-A-L-O-M). É um instrumento que podemos considerar como parente próximo do “Hammered Dulcimer”, usado em muitas músicas folclóricas norte-americanas.
Enquanto isso, de volta ao rancho vienense, um melhor,  ao castelo, o exército de Napoleão chega.

Tenho quase certeza que quem escreveu a música do filme “O Mágico de Oz” conhecia a ópera Háry János. Quando o próprio Napoleão aparece, dá para perceber pelo eco do hino francês que escutamos na orquestra.
De acordo com Háry János, ele derrotou sozinho Napoleão e o mandou de volta para a França rastejando.

Após tudo isso houve uma grande comemoração com o “verbum kosh”, uma dança antiga húngara usada para atrair os jovens para o exército.
Como essa dança é baseada em música folclórica húngara, ouve-se o cimbalom novamente. Finalmente, o Imperador da Áustria e os membros de sua corte surgem. Neste ponto Háry poderia ter se casado com a filha do Imperador (segundo ele), porém decidiu casar-se com sua noiva e se tornar oleiro, e se tornou então “Háry, the Potter”.

Eis aqui um link para a Suíte Orquestral, regida pelo grande maestro húngaro Sir Georg Solti:
http://www.youtube.com/watch?v=l4CJOUiwguQ&feature=related